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Editorial
África e os ODS: Objetivos com futuro?
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são o tema central do dossier temático deste número da Revista “Africana Studia”, o qual resulta da reflexão que iniciamos com os estudantes do primeiro cohort do European Interdisciplinary Master African Studies (EIMAS), na unidade curricular de Development Cooperation.
Esta reflexão conjunta fez nascer o desafio de prolongar o trabalho conjunto com os alunos e alunas. Em março de 2020, num momento particularmente difícil, devido ao surto pandémico, conseguimos levar à cena uma conferência internacional, com o título Sub-Saharan Africa and the Sustainable Development Goals: perspectives, implementation and pressing issues.
A Agenda 2030 atualmente ocupa uma parte importante do debate a nível global, envolvendo o setor público, o privado e a sociedade civil. Embora ainda seja cedo para a avaliar, é possível concluir que os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) associados a esta Agenda, devido à sua abrangência e possibilidade de múltiplas interpretações, até ao momento parece ter um impacto político limitado a nível global, nacional e local.
Uma revisão sistemática recente que faz uma meta-análise sobre estudos publicados sobre a Agenda 2030 mostra esta tendência, referindo que os “studies still tend to focus on a limited number of the 17 SDGs and only some of their interactions. Certain SDGs are under-researched as a result, such as SDGs 10 and 12, and comprehensive integrated studies that cover all 17 SDGs and their interactions are rare” (Biermann et al., 2022: 4).
Tendo estes pressupostos em mente, este número da revista “Africana Studia” pretende contribuir para a reflexão sobre a contribuição dos Estados Africanos para os ODS, através do setor público, privado e da sociedade civil, bem como as alternativas emergentes neste continente à referida Agenda.
A entrevista a Mario Novelli pretende trazer uma outra profundidade ao debate sobre os ODS, refletindo sobre formas alternativas de pensar e ver o mundo, uma vez que como é referido pelo entrevistado “there’s also something epistemologically western and myopic about the SDGs, you know (…)” O presente número também inaugura uma prática que pretendemos continuar no futuro, a colaboração mais íntima com os estudantes de Estudos Africanos e de outras áreas e com o setor artístico e cultural.
Descrito ficou já o trabalho conjunto com os alunos e alunas do Mestrado Internacional em Estudos Africanos (EIMAS). Importa agora revelar que as fotografias deste número contam com a colaboração da fotografa Diana Takacsova como curadora. Participação que os dois editores gostariam de agradecer, pelo enriquecimento das páginas deste número e pelo que trouxe de um “outro olhar” aos textos.
Rui da Silva*
Miguel Filipe Silva**
* CEAUP.
** CEAUP e IHC-FCSH, UNL, Investigador.
Unidade I&D integrada no projeto com referência UIDB/00495/2020 (DOI 10.54499/UIDB/00495/2020) e UIDP/00495/2020.
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