Africana Studia nº17, 2º semestre 2011

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Descrição

 

Índice:

  • Editorial (p. 5)
  • Exploração científica em África na época colonial
    • Poderes
    • Paulo Jorge Fernandes - A súbita vocação “africanista” de um ex-ministro: A viagem de Mariano de Carvalho a Moçambique em 1890 (p. 17-39).
    • Luís F. Dias Antunes e Vítor L. Gaspar Rodrigues - A Escola Colonial e a formação de uma “elite dirigente” do ex‑Ultramar Português (1906-1930) (p.41-49)
    • Representações
    • José Ramiro Pimenta e Ana Francisca de Azevedo - Escala e identidade na obra Como eu atravessei a África de Serpa Pinto (p.53-63).
    • Fernanda Carrilho - Como Eu Atravessei a África: Um texto de Literatura de Viagens (p.65-77)
    • Práticas
    • Eugénia Rodrigues - Ciência europeia e exploradores africanos: a viagem de Francisco José de Lacerda e Almeida ao Kazembe (p.81-102)
    • Ana Cristina Roque - O sul de Moçambique na viragem do século XIX: Território, exploração científica e desenvolvimento (p.103-112). 
    • Eduardo Medeiros - A actual província do Niassa e o vale do rio Chire na 2.ª metade do séc. XIX. Contextos africanos e imperiais e as expedições de Serpa Pinto nesta região (p.113-149)  
  • Entrevista
    • Mendes Ferrão - Entrevista conduzida por Maciel Santos e José Ramiro Pimenta (p.153-169) 
  • África em debate: Poderes e Identidades
    • Adriano Parreira - Esclavagistas e respectivas marcas e monogramas, gravados a fogo, faca e tesoura (p.173-209)
    • Philip J. Havik e António Estácio - Recriar a China na Guiné: os primeiros chineses, os seus descendentes e a sua herança na Guiné Colonial (p.211-235)
    • Jean Gormo e Patrice Pahimi - Les chefs locaux et le recouvrement fiscal au Nord-Cameroun colonial et postcolonial: cas de la plaine du Diamaré et des Monts Mandara (p.237-246).
    • Carlos Lopes - Identidade cabo‑verdiana face aos desafios da diáspora (p.247-253)
  • Notas de leitura 
    • René Pélissier - Dans les méandres de la mémoire (p.257-275) 
    • Augusto do Nascimento - Notas sobre a valia de fundos documentais empresariais para a história recente de São Tomé e Príncipe e de Portugal (a documentação de Francisco Mantero e da Sociedade de Agricultura Colonial (p.277-284)
    • Augusto do Nascimento - Reclamar o futuro… Notas sobre a 13.ª Assembleia do CODESRIA (p.285-298)
    • José C. Curto e Simon Heap - Álcool em África: Uma bibliografia da literatura secundária, 1993-2011 (p.299-316)
    • Hugo Pereira - Caminhos-de-ferro em S. Tomé e Príncipe. O caminho-de-ferro em S. Tomé e Príncipe e os caminhos-de-ferro das roças (p.317-319) 
  • Resumos(p. 323-327)
  • Legenda das ilustrações (p.328)

 

Editorial

A. I. Voeikov (1842-1916), geógrafo russo, considerava a geografia como uma combinação de 'corpos móveis', que, mobilizados pela superfície terrestre, em cada momento configuravam um arranjo especial que caracterizava um determinado período da história da Terra e da Humanidade. Relativamente obscuro no Ocidente, este geógrafo foi contudo divulgado em língua francesa, nos Annales de Géographie (1901). Quase um século mais tarde, Latour, Serres e outros autores viriam a desenvolver teorias de geografia da ciência com elementos semelhantes à de Voeikov (nihil novum sub sole), sem que porventura se fizesse a devida justiça à memória epistemológica do precursor.

Serve esta breve incursão na história do pensamento científico para justificar a 'Apresentação' do n.º 17 da revista Africana Studia, cujo tema dominante é a exploração colonial de África levada a cabo por Portugal, sobretudo no período ao redor do estabelecimento do 'sonho cor-de-rosa' de tornar contíguas as possessões das 'áfricas' ocidental e oriental portuguesas.

A exploração científica oitocentista configura uma especial relação de 'poder metropolitano' e 'conhecimento colonial'. Pode, por isso, ser analisada segundo várias perspectivas, de modo a que se possa caracterizar o mais profundamente possível a sua natureza e efeitos: é uma forma de 'poder', porque se estabelece a partir de um 'centro de controlo' que organiza expedições e recolhe elementos de informação com vista a uma mais concreta exploração do espaço distante; é uma forma de 'representação', porque faz acompanhar a organização dos espaços de poder com 'paisagens' de natureza e cultura distintas das do ponto de partida, que estetizam, mitificam, e, 'justificam' enfim, o empreendimento da exploração; finalmente, é uma forma de 'prática', expedições de homens de armas, de engenheiros e técnicos, de cientistas e políticos, que penetram o terreno e o vão reclamando, parcela por parcela, para o centro 'metropolitano' que tudo organiza à distância, concretizando assim a poderosa intuição de Voeikov e da sua geografia da 'mobilização global'.

Na história da ciência, como em qualquer outra expressão geográfica, scale matters. Por essa razão, faremos acompanhar esta apresentação com mapas que nos permitam apreender não apenas qual a 'convocação de lugares' que dá corpo ao estudos científicos dos autores aqui representados, mas também apreender o modo como, a diversas escalas, esses lugares configuram uma rede inextricável de 'poder', 'representação' e 'prática'.

(...)

Os estudos que dão corpo à primeira parte deste volume têm, na maior parte, origem no Congresso ‘Exploração Científica em África na Época de Serpa Pinto’ que o Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto e a Associação Cultural Serpa Pinto organizaram em Cinfães, terra de naturalidade daquele explorador, entre 14 e 15 de Outubro de 2010.

Sem a discussão estimulante que teve lugar durante este encontro organizado pela Associação Cultural Serpa Pinto e sem o apoio material desta Associação, este dossier temático não teria sido possível.

 José Ramiro Pimenta

Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto

 

 
Ficha Técnica:

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Depósito legal: 138153/99

ISSN: 0874-2375
Tiragem: 500 exemplares
Periodicidade: Semestral
N° de contribuinte da entidade proprietária: 504045466

Tipografia: Sereer, soluções editoriais

Edição: Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto

Editor: Miguel Silva

Revisão gráfica e de textos: Henriqueta Antunes

Conselho Científico/Advisory Board: Alexander Keese (U. Berna/CEAUP), Ana Maria Brito (FLUP), Augusto Nascimento (IICT), Collete Dubois (U. Aix-en-Provence), Elikia M’Bokolo (EHESSS – Paris), Eduardo Costa Dias (CEA-ISCTE), Eduardo Medeiros (U. Évora), Isabel Leiria (FLUL), Joana Pereira Leite (CESA-ISEG), João Garcia (FLUP), João Pedro Marques (IICT), José Capela (CEAUP), José Carlos Venâncio (U. Beira Interior), Malyn Newitt (King’s College), Manuel Rodrigues de Areia (U. Coimbra), Michel Cahen (IEP – U. Bordéus IV), Paul Nugent (CEA- Edimburgo), Patrick Chabal (King’s College), Maria Rosa Sil Monteiro (U. Minho) , Philip Havik (IICT), Suzanne Daveau (U. Lisboa).

Conselho Editorial/Editorial Board: Isabel Galhano Rodrigues, José Ramiro Pimenta, Maciel Morais Santos, Nuno Costa.

Secretariado: Raquel Cunha

Advertência: Proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo desta publicação (na versão em papel ou electrónica) sem autorização prévia por escrito do CEAUP.

Africana Studia é uma revista publicada com arbitragem científica.
Africana Studia é uma revista da rede África-Europe Group for Interdidisciplinary Studies (AEGIS).

Capa: Acampamento de estudos do Caminho de Ferro de Ambaca. Colecção particular de António faria e Angela Camila.

Apoio

Unidade I&D integrada no projeto com referência UIDB/00495/2020 (DOI 10.54499/UIDB/00495/2020) e UIDP/00495/2020.

 

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