De um lado temos os ricos, do outro os pobres. «Sempre foi assim, é a história da humanidade», dirão alguns. Talvez, mas é assim quando a Declaração Universal dos Direitos do Homem exige a dignidade de homem, e de cidadão, para todos; quando há mais de meio século se declarou solenemente o combate ao «atraso», à «pobreza», ao «subdesenvolvimento» e se montou uma poderosa indústria da cooperação que engloba toda a panóplia de boas intenções, de declarações e apoios, sábios e políticos, conferências e missões.

A história da cartografia portuguesa tem cultivado com particular atenção a época dos descobrimentos e da expansão. No entanto, pouco se sabe sobre os mapas elaborados pelos cartógrafos portugueses nos séculos XIX e XX, quando são notáveis a quantidade e a qualidade das cartas que representam as mais variadas áreas do globo com particular incidência nas colónias portuguesas de África.

O n° 8 da Africana Studia apresenta pela primeira vez num volume três conjuntos temáticos: estudos sobre os países lusófonos africanos entre 1975-2005, sobre as sociedades islâmicas africanas e sobre a escravatura africana.

Pretendendo acompanhar e, de alguma maneira, estimular o que se afigura constituir uma crescente curiosidade historiográfica pelas formas de escravatura e de prestação de trabalho da mão-de-obra africana, o Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto reuniu em colóquio investigadores que apresentaram os trabalhos ora publicados.

O presente volume da Revista Internacional de Estudos Africanos, Africana Studia, é predominantemente dominado por artigos referentes à construção de configurações identitárias em espaços e tempos diferentes da África Subsariana.

Tendo a escravidão e o seu tráfico constituído parte substancial da colonização moderna em África, o seu estudo não pode deixar de exigir a todos quantos se debruçam sobre a história do continente uma atenção constantemente renovada.

Africana Studia continua a ser uma revista científica portuguesa de referência exclusivamente dedicada aos Estudos Africanos. Iniciada em 1999, perfaz, com a presente edição, o quarto número, que surge referenciado ao ano de 2001.

«À terceira é de vez». Talvez não fosse suficientemente conhecido que este aforismo popular, celebrando a persistência e a tenacidade na acção social individual e colectiva, se aplicava também ao trabalho cada vez mais difícil de editar com continuidade uma revista científica. 

Aqui se oferece o segundo número da Africana Studia, encerrando o ano de 1999. Visitando os artigos deste número, destaquem-se algumas temáticas dominantes: o problema do nacionalismo, da etnicidade e das identidades nacionais pode percorrer-se através dos trabalhos de António Custódio Gonçalves discutindo o problema da emergência do nacionalismo angolano, actualiza-se na investigação de Elizabeth Maino acerca da «gestão» da identidade santomense e discute-se criticamente na investigação de Michel Cahen sobre o massacre de Mueda e a etnicidade maconde.

Ligada ao trabalho de investigação e estudo do Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto, esta Revista nasce não para crescer corno comunicação de uma instituição, mas antes para se propor corno espaço de debate e crítica sobre a investigação de temas e problemas africanos.

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