Dicionário de Negreiros em Moçambique 1750-1897

 

Índice:
INTRODUÇÃO
FONTES E BIBLIOGRAFIA
   Bibliografia
   Abreviaturas
   Glossário
DICIONÁRIO BIOGRÁFICO DE NEGREIROS


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CAPELA, José. 2007. Dicionário de Negreiros em Moçambique 1750-1897. Edited by L. Electrónicos. 1ª Ed. ed. 1 vols. Porto: Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto.

Da Introdução

A documentação e os estudos publicados sobre a escravatura e o tráfico de escravos na colonização moderna não têm privilegiado os seus agentes. Para além de casos adornados com aura folclórica e picaresca e de um ou outro negreiro cuja fortuna, verdadeira ou quimérica, o tornou lendário, a ignorância sobre tais protagonistas da história é avassaladora. Não somente a ignorância sobre os percursos pessoais cujo interesse se reduz ao conhecimento mais aprofundado do contributo do biografado para o sentido e para o significado dos lances históricos em que esteve envolvido.
Os resultados do fenómeno da escravatura colonial moderna não ficaram circunscritos nem à produção material dos escravos, nem à incidência da monda humana nas sociedades africanas e repercussões económicas respectivas nas suas terras de origem. Condicionaram os comportamentos individuais e colectivos de europeus e de americanos, interferiram decisivamente nas suas economias, foram determinantes na implantação de regimes políticos. A presença dos negreiros – presença física ou presença meramente fiduciária – constituiu um factor decisivo na consolidação política e económica do liberalismo europeu, nomeadamente em Portugal.
O que se pretende com este dicionário biográfico resume-se à enumeração dos agentes do tráfico negreiro que actuaram na costa sudeste africana, mais propriamente na costa do Oceano Índico que corresponde à do Moçambique de hoje.
(...)
Procurei manter uniformidade de critérios ao longo das entradas. No entanto permiti-me distinguir alguns nomes pela especificidade que introduziram nessa actividade e pela repercussão particular que de uma ou de outra forma tiveram na sociedade portuguesa. São os casos: de Portugueses/Brasileiros – pela razão óbvia de terem sido os protagonistas simultaneamente do tráfico transatlântico no contexto colonial português e dos seus reflexos na sociedade portuguesa. De Franceses: porque foram os armadores dos portos franceses implicados no comércio colonial, na segunda metade do século XVIII, quem introduziu na costa do sudeste africano o tráfico transatlântico sistemático. Baneanes e outros Asiáticos que antecederam os europeus nesse mesmo comércio e o prolongaram no tempo, século XX adentro.
Na perspectiva em que me coloco suponho justificar-se esta publicação. Não tanto o alinhamento de nomes. Abstraindo deles, o que representaram no espectro civilizacional mais alargado. Nomeadamente o factor financeiro. O capital acumulado e imediatamente aplicado em período curto de mutação social profunda. Como foi o caso da revolução liberal portuguesa. Que se não foi feita pelos negreiros, de muitos deles recebeu contributo material de grande alcance e outros tantos nela colaboraram directamente. O desenvolvimento subsequente, nomeadamente a formação do capital financeiro, socorreu-se abundantemente da contribuição de negreiros. Alguns dos que mais se evidenciaram, a partir do Brasil, frequentaram os portos do Índico. Estes portos, muito particularmente o de Quelimane, foram especialmente assediados nas décadas de quarenta e de cinquenta do século XIX, no auge da clandestinidade negreira, propiciadora de fortunas de fábula … que existiram efectivamente.
(...)
Esta será uma primeira tentativa de ordenação de nomes de protagonistas de tráfico de escravos levada a efeito sobre a costa do sudeste africano em um período que vai de 1750 a 1892. Embora esforçada, naturalmente deficitária.

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