Moçambique pela sua História

Índice:

Introdução
01. O Apriorismo ideológico na histografia de Moçambique
02. Senhorio, Escravatura e Tráfico de Escravos
   Portugueses e Africanos nos Rios de Sena.
   Os Prazos da Coroa nos séculos XVII E XVIII
      Donas
      Bibliografia
   Identidade, sexo, idade e profissão das escravaturas de Moçambique no século XIX
      Fontes
      Identidades
      Sexo
      Idade
      Profissão
      Escravaturas na Ilha de Moçambique em 1804
   Testamentos de negreiros e alforria de escravos
      Aringas na margem sul do rio Zambeze
   Como as Aringas de Moçambique se transformaram em Quilombos
      A organização social e política
      Do Mussito e da Aringa ao Quilombo
      Uma releitura de João de Azevedo Coutinho
      Conclusão
   Dos cativeiros tradicionais para o escravismo colonial em Moçambique
      O quotidiano
      A norma
      Conclusão
03. O Estado Colonial Moderno
   O ethos zambeziano
      Ethos ou uma questão identitária
      A nomenclatura
      A literatura
      O tempo e o espaço
      A razão histórica
      A carência de mulheres brancas
      A razão cultural
      Resumo
   O ultimatum na perspectiva de Moçambique. As questões comerciais subjacentes
      Comércio, tráfico de escravatura e ligações com o Transval
      A fragilidade da posição portuguesa no terreno
      Resumo
   O início do século XX e as condições históricas para o exercício da escrita em Moçambique
      O estado colonial moderno
      O jornal «O AFRICANO»
      Resumo
   A imprensa de Moçambique até à independência, 1854 – 1974
      Da fundação à censura prévia
      A imprensa operária
      A imprensa católica
      A Voz Africana
   A Igreja e o fim do império em Moçambique


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Capela, José. 2010. Moçambique pela sua História. Porto: Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto.

Do Prefácio

Em 1971 tive oportunidade de publicar o que terá constituído a primeira expressão escrita de uma certa visão do homem moçambicano por ele próprio, em tempo nevrálgico e especialmente nevrálgico em quanto respeitava à sua afirmação identitária.
(...)
Essa primeira expressão escrita constante de «Moçambique pelo seu povo»1 era, portanto, circunstancial se bem que desenvolvida em momento decisivo para a consolidação dessa mesma identidade. Povo, como todos, com História. Neste caso História em que prevalece uma intensa e sucessiva miscigenação cosmopolitizadora rematada pela colonização escravista-capitalista moderna.
Trabalhos elaborados ao longo de mais de quatro décadas arriscam repetições, se não mesmo contradições interpretativas entre eles. Optei manter a versão inicial em cada texto na convicção de que a evolução que possa ter existido em tais interpretações deixa ao leitor uma maior liberdade de eventual formulação própria. E porque admiti que, ao longo do tempo e do espaço, as mesmas formações sociais se foram acomodando às circunstâncias momentaneamente prevalecentes.

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