Carta do Investigador

Na(rra)ção satírica e humorística : uma leitura da obra narrativa de Manuel Rui

Tal como o título aponta, pretende o presente trabalho investigar e problematizar a sátira social na obra narrativa do escritor angolano Manuel Rui. Objecto de análise que, apesar dos poucos estudos efectuados, tem assumido uma importância crescente na crítica literária. As questões impõem-se à partida: como reunir a simbiose arbórea da obra narrativa de Manuel Rui? Como pautar linhas com sentido num tão vasto universo? Qual o caminho a seguir?

 Que passos desenharemos neste horizonte de na(rra)ção, por nós, pouco experimentada? O repto a que acedemos é, então, o de encontrar uma realidade descrita e descritiva da sociedade, conhecer gentes, personagens, usos, costumes, hábitos, críticas e características. Iniciada a viagem, estabelecemos a nossa parada obrigatória na sátira, no humor e na ironia, revisamos conceitos e rumos. Certos de que a sátira social e o humor assumem no corpus em análise papel relevante e primordial, não deixamos, porém, de abordar outros aspectos como a contextualização histórica, a utopia, as personagens, linguagens, discursos e simetrias entre artes. Tentamos validar algumas perspectivas de abordagem da realidade literária, mestiçando também o nosso texto com a visão interna da sociologia da literatura, nomeadamente pela presença do social na obra de Manuel Rui, empregamos, desta forma, a ficção como um dado de informação sociológica e antropológica (Dirkx: 2000)1 , aliado, naturalmente, a aspectos de natureza formal. Para além das fontes literárias e da bibliografia secUfldária, usamos como bússolas orientadoras as entrevistas ao autor, realizadas por nós (entrevista anexa: 155-160i e por Michel Laban (1991 :709-738l Convictos de que os trabalhos sobre autores/obras individuais, que enformam sobre a especificidade de cada escrita, devem ser conjugados com uma percepção global de cada sistema literário nacional, no seu progresso e sistematização, assim como na história que o define, elaboramos o enquadramento temporal do escritor. A dimensão histórica, integrada numa obra narrativa, ordena uma topologia social e um conjUflto de valores, dos quais tentamos descobrir oposições e solidariedades, que estabelecem as homologias da obra. Certos de que a vivência histórica e cultural influencia qualquer escritor, inserimos, o texto no contexto. Seria inconcebível abordar a noção de texto, sem a consideração do contexto, e se este contexto for o da luta pela independência4 e de implementação de ideologia(s), esta matéria assume-se, desde logo, como algo indispensável. De facto, a compreensão de uma suposta condição pós-colonial em Angola passa pelo estudo de tal contexto, sincrónica e diacronicamente. Daí termos reservado o primeiro ponto, intitulado "Sons da esfinge angolana" para esta temática. No ponto dois do primeiro capítulo, com a mesma consciência de que um escritor não possui sozinho o seu significado completo, e para melhor compreendermos e interpretarmos a sua obra, tentamos encontrar um eixo diacrónico da literatura angolana, percebendo desta forma a raiz da árvore da qual fluirão os inúmeros frutos, de que a obra de Manuel Rui constitui elemento saudável. Procedemos, então, a uma breve reflexão sobre algUfls dos aspectos que adestram a literatura angolana na sua generalidade, e tendo como horizonte temático a narrativa, intitulamos este aspecto de "Ficção narrativa angolana". Por sua vez, "Visão satírica e humorística" consiste naqueles que julgamos serem os aspectos incisivos e críticos do autor à sociedade, através da sátira e do humor.

 

Assunto:  Literatura angolana - séc. 20 - Estudos críticos, Rui, Manuel - Estudos críticos

 

Pode consultar o texto integral em:

https://catalogo.up.pt/exlibris/aleph/a23_1/apache_media/ETBJQKKDYURIRMDL2H1Q1SYDDJBI5G.pdf

Informação Adicional

  • Orientador: José Carlos Venâncio
  • Autor: Marta de Oliveira
  • Ano: 2006
  • Coorientador: António Jacinto Rodrigues

Apoio

Unidade I&D integrada no projeto com referência UIDB/00495/2020 (DOI 10.54499/UIDB/00495/2020) e UIDP/00495/2020.

 

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