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Africana Studia nº 20, 1º semestre 2013

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Índice:

  • Editorial (p.5)
  • Arqueologia em Angola: retrospectiva e perpectivas
  • Arqueologia e paisagem
    • Luiz Oosterbeek - Arqueologia da paisagem em Angola: das materialidades às dinâmicas territoriais (p.17)
    • Nelson Campos - Das potencialidades arqueológicas da bacia do Curoca/Deserto do Namibe para um estudo diacrónico desde a pré‑história africana ao período colonial ‑ algumas notas (p.31)
  • Problemáticas e trabalho de campo
    • Manuel Gutierrez - Pesquisas arqueológicas na Baia Farta (Benguela‑Angola) (p.57)
    • Cristina Pombares Martins - A investigação arqueológica no Ebo (Kwanza Sul, Angola) (p.65)
    • Maria Helena Benjamim - Etnoarqueologia da cerâmica angolana (p.77)
    • Soraia Santos Ferreira - Recintos amuralhados da província da Huíla (p.85)
  • Entrevista
    • Adriano Vasco Rodrigues - Entrevista conduzida por André Serdoura e Jorge Guimarães (p.91)
  • África em Debate
  • Arqueologia de África – perspectivas
    • Hamdji Noudjiko - Archéologie au Tchad: état de lieu et perspectives (p.101)
  • Poderes e identidades
    • Jorge Simón Izquierdo Díaz - A representação do tráfego de cafres de Moçambique na obra Geographia Historica Orientalis, impressa em 1641 pelo dinamarquês Hans Hansen Skonning. O escravismo no imaginário dos nórdicos num contexto de mudanças (p.107)
    • Augusto Nascimento - As pulsões na política em São Tomé e Príncipe (p.135)
  • Notas de Leitura
    • René Pélissier - Accusateurs Mordants, Admirateurs Fervents, Orpailleurs Mutants (p.155)
    • Nizar Tajditi - Jonh Ninet: Un témoin suisse de la révolution égyptienne de 1882 (p.175)
    • Isabel Maria dos Santos Lourenço - Devenir métropolitain – Politique d’intégration et parcours de rapatriés d’Algérie en metrópole (1954‑2005) (p.181)
  • Resumos (p.191)
  • Legendas das ilustrações (p.193)  

 

Editorial – Arqueologia angolana – uma abordagem geo-epistemológica

A regionalização científica é um fenómeno raramente abordado de um ponto de vista epistemológico. É comum a História da Ciência dedicar a sua atenção ao ‘espírito do tempo’ dos programas de investigação científica mas quase nunca se toma em consideração um equivalente genius loci.

(...)

Não contando com explicações essencialistas (como sendo a de que algumas nacionalidades estariam mais aptas do que outras a decifrar os enigmas da Natureza e da Sociedade) temos de tomar em consideração as várias geografias e os respectivos gradientes de que influenciam e se resultam naquela morfologia. Se a ‘geografia da Ciência’ se compreendesse como expressão da riqueza ou avanço técnico em cada momento histórico, poderia argumentar-se que seria apenas uma localização concreta de um conhecimento universal; porém, se se considerar que os conteúdos científicos podem ser diferentes consoante a localização dos centros da sua produção, então o problema deixa der ser meramente económico e social para ser também um problema epistemológico.

(...)

A apreciação dos lugares aqui mencionados far-se-á naturalmente através da leitura dos artigos correspondentes. Nem todos pertencem ao mesmo programa de investigação nem estes possuem o mesmo grau de integração da pesquisa. Alguns mencionam-se apenas pela indicação que dão das novas preocupações da política pública angolana do património arqueológico, como M’Banza Kongo ou Tchitundo Hulo, outros configuram programas robustos de investigação minuciosamente explicitados e já plenamente no terreno, como o Dungo, em Benguela ou a arte rupestre dos abrigos do Ebo, ou ainda em fase prospectiva, os casos dos recintos amuralhados da Huíla e do litoral do Namibe. As cronologias são distintas – desde o Paleolítico inferior até momentos tardios da Modernidade – como o também são a articulação geográfica regional e o arranjo ‘cronotópico’ que exibem.

(...)

A informação referente à topografia social fez-se a partir da identificação das instituições envolvidas na produção da arqueologia científica tal como aqui podemos ter acesso a ela. Podemos entrever as linhas de força de um gradiente global de produção científica que se articula e concretiza regionalmente (num estado) e localmente em lugares de investigação e recolha de informação arqueológica.

(...) 

Trata-se de explicitar que diferentes geografias de produção científica se sucedem e sobrepõem – uma ‘arqueologia da Arqueologia’ – ao longo das últimas décadas e decerto se relacionarão com os diferentes produtos científicos validados.

A primeira fase (1960s-1974) corresponde plenamente ao momento da relação de um poder colonial com o objecto ‘ultramarino’. Centrada quase exclusivamente em lugares metropolitanos ou desta administração no território (muito significativas, a este título, as localizações do Dundo e Sá da Bandeira-Lubango), a interpretação do passado faz-se no contexto paradigmático da diferenciação cultural e do evolucionismo subjacente e as instituições que a levam a cabo são a expressão directa da ocupação administrativa ou económica de um território colonial, como são exemplos a Junta de Investigações do Ultramar ou a Companhia de Diamantes de Angola.

A segunda fase, iniciada com a conquista da independência, revela uma progressiva descentralização do sistema de produção científica em relação ao poder metropolitano. As instituições angolanas adquirem a natural centralidade que a independência traz (e que não mais deixará de aprofundar-se) mas revela ainda assim, para além dos contactos pioneiros com a Arqueologia francesa, uma modicidade que o estado quase permanente de perturbação causada pela guerra decerto justifica.

A terceira fase parece indiciar a autonomia progressiva da co-produção científica no âmbito da arqueologia angolana. Não apenas a liaison française se acentua e aprofunda como se recupera, em novos moldes, a relação em tempos assimétrica com a Arqueologia portuguesa. Neste caso é estimulante constatar que aos centros ‘clássicos’ da produção científica portuguesa, académica ou editorial, se associam, e em lugar proeminente, novos lugares de investigação académica que a descentralização democrática trouxe a Portugal. Em Angola instituições especializadas surgem no contexto da normalização institucional progressiva, e Benguela adquire uma centralidade expressiva pela localização não-centralista de uma das principais instituições com supervisão directa no domínio do estudo e salvaguarda do passado.

(...)

Finalmente, partindo da articulação integrada dos níveis geo-epistemológicos estruturais definidos, que cenários e metamorfoses paradigmáticas se podem detectar na expressão histórica (e geográfica) destes programas de investigação? Com receio de simplificar em demasia uma realidade que é decerto muito mais complexa do que os ‘artefactos aqui utilizados permitem revelar, cremos que é possível ainda assim individualizar nesta narrativa científica – cimentada por uma especial articulação entre as estações intervencionadas, a origem institucional dos investigadores e a ‘norma científica’ disponível para cada geração – três ‘cronótopos’ epistemológicos, três configurações espácio-temporais da cultura científica da exploração arqueológica em Angola.

Pelas relações com as regiões vizinhas da África central, do vale do Zambeze, do vale do Rift, o passado mais ou menos remoto de Angola estabelece relações de identidade e autonomia cultural da sua ‘africanidade’.

(...)

Neste longo passado o período colonial é especialmente representativo, porque fez incidir marcas na paisagem fruto de uma ocupação ‘técnica’ da paisagem. Ainda que as motivações da sua recuperação possam variar, a justificação de uma arqueologia do período colonial justifica-se porque este é também uma ‘arqueologia de resistência’

(...)

Mas adivinha-se um âmbito mais vasto da arqueologia angolana. A história passada e recente do território é também a das gentes que saídas de África se viram obrigadas, pela violência e pela necessidade, a habitar novos lugares e a conviver com novas gentes. Uma ‘arqueologia da diáspora’ começa insensivelmente a desenhar-se nas preocupações dos responsáveis angolanos pelo estudo do seu passado, e a procura dos ‘materiais da memória’ far-se-á para além das fronteiras do território da nação, e abarcará metade da esfera da terra.

José Ramiro Pimenta

CEAUP


Revista Internacional de Estudos Africanos/ International Journal of African Studies:

Entidade proprietária: Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto FLUP - Via Panorâmica s/n - 4150-564 Porto
Director: Maciel Morais Santos (maciel999@yahoo.com)
Sede da Redacção: FLUP - Via Panorâmica s/n - 4150-564 Porto
N° de registo: 124732
Depósito legal: 138153/99

ISSN: 0874-2375
Tiragem: 300 exemplares 
Periodicidade: Semestral
N° de contribuinte da entidade proprietária: 504045466 

Design Capa: Clássica 
Execução gráfica: Clássica 
Edição: Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto 
Editor: José Ramiro Pimenta 
Revisão gráfica e de textos: Henriqueta Antunes

Conselho Científico/Advisory Board: Adriano Vasco Rodrigues (CEAUP), Alexander Keese (U. Berna/CEAUP), Ana Maria Brito (FLUP), Augusto Nascimento (IICT), Collete Dubois (U. Aix-en-Provence), Eduardo Costa Dias (CEA-ISCTE), Eduardo Medeiros (U. Évora), Isabel Leiria (FLUL), Joana Pereira Leite (CESA-ISEG), João Garcia (FLUP), João Pedro Marques (IICT), José Capela (CEAUP), José Carlos Venâncio (U. Beira Interior), Malyn Newitt (King’s College), Manuel Rodrigues de Areia (U. Coimbra), Michel Cahen (IEP – U. Bordéus IV), Paul Nugent (CEA- Edimburgo), Philip Havik (IHMT), Suzanne Daveau (U. Lisboa). 

Conselho Editorial/Editorial Board: Célia Silva, Isabel Galhano Rodrigues, José Ramiro Pimenta, Maciel Morais Santos. 

Secretariado e edição online: Raquel Cunha Venda online: http://www.africanos.eu/ceaup/loja.php 
Advertência: Proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo desta publicação (na versão em papel ou electrónica) sem autorização prévia por escrito do CEAUP. 

Africana Studia é uma revista publicada com arbitragem científica. 
Africana Studia é uma revista da rede África-Europe Group for Interdidisciplinary Studies (AEGIS). 

Capa: Pinturas Dalambiri 
Foto: Cristina Pombares Martins

Capa: "Recordações do Islão" - montra da casa mais antiga do souk de Túnis.

Foto: João L. Serras Pereira 

 

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