Índice:
Introdução
A “frente” zambeziana fracassou porque os régulos eram “agentes do inimigo”
A receptividade das autoridades tradicionais à Frelimo
O chefe de grupo Manuel: um caso notável no apoio à Frelimo
A Frelimo e a visão negativa das chefaturas
O apoio dos pequenos chefes: uma explicação possível
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Resumo / Abstract
Partindo de um estudo de caso sobre a relação entre as autoridades tradicionais e a Frelimo durante a luta armada contra o colonialismo português, este artigo procura mostrar que diferentemente da versão oficial, a principal razão porque a Frelimo hostilizou as chefaturas tradicionais não é porque eram ou tinham sido “agentes do inimigo”. O ponto é que as autoridades tradicionais eram socialmente diferentes e por isso não faziam parte do ideal de nação moderna imaginada pela Frelimo, cuja principal elite dirigente era constituída por jovens assimilados e urbanizados. Mas também havia a questão da concorrência pelo poder: as autoridades tradicionais gozavam de uma legitimidade tal sobretudo perto das populações rurais, que era vista pela Frelimo como sendo um perigo ao seu projecto político.
Based on a case study about the relationship between the traditional authorities and FRELIMO during the struggle against the Portuguese colonialism for independence, this paper shows that, unlike the official version, the main reason why FRELIMO was hostile to traditional chiefs is not because they were ‘agents of the enemy’. The reason is that the traditional authorities were socially different and therefore they did not fit the ‘ideal nation’ envisaged by Frelimo, whose leadership was dominated by young assimilated from urban areas. In addition, there was a competition for power: the traditional authorities enjoyed legitimacy especially among the rural population, which was perceived by FRELIMO as a danger to its political project.