Tendo como base deste trabalho a narrativa designada como contopopular, apresentamos os vectores estruturantes deste tipo de texto e procedemos à apresentação das colectâneas mencionadas, enunciando os percursos de vida e do trabalho dos etnólogos e a função dos seus informadores, no séc. XIX, e abordamos o papel dessa oratura na vida dos rongas e os seus valores etnográfico, moral, filosófico e literário. Procedemos, ainda, ao estudo comparativo de contos angolanos e moçambicanos, com a definição de quatro kinhas orientadoras - estrutura lógica do conto: relação entre a situação inicial e a situação final; o quadro de enunciação - o conto e o contador (fórmulas iniciais e fórmulas finais); os papéis actanciais (as posições ocupadas pelos actantes e relações entre eles) e alterações ao esquema canónico do conto. Partindo deste estudo comparativo, descrevemos um trabalho no terreno com alunos do oitavo ano de escolaridade, 3º ciclo do ensino básico, em que estes foram convidados a lerpela primeira vez contos populares angolanos e moçambicanos. Apresentamos as suas reacções, as suas dificuldades e as conclusões que retirámos deste projecto, incluindo uma breve nota das potencialidades de leitura dos contos africanos na disciplina de Português Língua Não Materna.
Assunto: Literatura oral – Angola; Literatura oral – Moçambique; Conto popular – Angola; Conto popular - Moçambique